Conservação e restauro de duas imagens de roca do Núcleo de Arte Sacra da Igreja de S. Miguel de Refojos

Com o apoio da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, as Oficinas Santa Bárbara executaram durante o mês de julho/agosto, o restauro de duas imagens de roca – uma, datada do séc. XVII (?) e a outra, Nossa Senhora das Dores, datada do séc. XIX-XX.

Estas duas esculturas pertencem ao acervo do Mosteiro de S. Miguel de Refojos de Basto e integram a exposição permanente do Núcleo de Arte Sacra do Museu das Terras de Basto.

Imagem de Roca (séc. XVII?)

Estado de conservação

O suporte lenhoso apresentava ligeira desidratação, mas encontrava-se de um modo geral em bom estado geral de conservação.

Além da inexistência de cinco dedos na mão direita e de um na mão esquerda, é possível observar algumas perfurações dispersas.

A camada pictórica estava em bom estado geral de conservação, com a superfície coberta por camada de verniz oxidado de cor amarelada.

Tratamento Efetuado

Numa primeira fase, a escultura foi sujeita a um tratamento curativo e preventivo contra o inseto xilófago (Xilofene® S.O.R.2 inseticida e fungicida), através de pincelagem, em toda a superfície da peça, e colocada em ambiente saturado, durante 5 dias.

Em seguida, procedeu à desmontagem dos elementos articulados.

Os dedos inexistentes foram reconstituídos com madeira de castanho tratada e imunizada.

Os furos de pequena dimensão foram colmatados com massas acrílicas (Modostuc®).

Após testes de solvência, segundo as tabelas internacionais de conservação e restauro, determinou-se que era possível a remoção da camada de verniz oxidado com uma mistura de acetato de etilo e metiletilcetona (50:50). Esta operação foi sempre seguida de neutralização com hidrocarboneto fraco (White Spirit).

Executou-se em seguida a reintegração volumétrica de lacunas na camada pictórica com massas de gelatina animal e cargas neutras (pó de carbonato de cálcio), fazendo-se o nivelamento com abrasivos finos (folhas abrasivas nº 600 e 1000), sem interferência nas áreas adjacentes.

A superfície da madeira da reconstituição dos dedos foi preparada com massas à base de adesivo animal e cargas neutras (pó de carbonato de cálcio), seguido de nivelamento com lixas finas.

Uma vez removidos os vernizes e colmatadas as lacunas, aplicou-se em toda a extensão uma fina pelicula de resinas acrílicas (Paraloid B72®, em solução de 5%, 50:50 tolueno e acetona).

Os preenchimentos volumétricas executados anteriormente, foram reintegrados cromaticamente com tintas acrílicas (guaches acrílicos da Winson e Newton) e pigmentos inorgânicos e médium acrílico

Finalmente, toda a superfície foi protegida com vernizes acrílicos comerciais (1:1 verniz brilhante e mate, Tallens®).

Nossa Senhora das Dores (Séc. XIX-XX)

Estado de conservação

O suporte lenhoso apresentava acentuada desidratação, o que levou à formação de micro-fissuras, o que era manifesto nas zonas de pressão volumétrica da oxidação das tachas que faziam a união das ripas entre base e o tronco.

Vestígios da ação do inseto xilófago com particular incidência nas ripas e na base, enfraquecendo a sua estrutura lenhosa, o que nos parece ser devido à utilização de madeira de fraca qualidade. Uma das ripas estava fraturada e outra apresentava um enxerto associado para manter a sua resistência.

Além da inexistência de dois dedos em cada mão, é possível observar numerosas perfurações na zona frontal e na cabeça, muito provavelmente originadas pela necessidade de fixação dos panejamentos e da cabeleira.

O tronco e o topo da cabeça apresentavam numerosos finos pregos muito oxidados, resultado de anos de fixação do panejamento e da cabeleira.

A camada pictórica estava muito desidratada, o que estava na origem de retrações verticais, na cara e no tronco, dando origem a lacunas na sua periferia. Além disso, sobre toda a superfície existia uma camada de verniz oxidado de cor amarelada.

A superfície do topo da cabeça, onde é colocada a cabeleira, ostentava numerosos vestígios de adesivos de características diversas.

 

Tratamento Efetuado

Numa primeira fase, a escultura foi sujeita a um tratamento curativo e preventivo contra o insecto xilófago (Xilofene® S.O.R.2 insecticida e fungicida), através de pincelagem, em toda a superfície da peça, e colocada em ambiente saturado, durante 5 dias.

Em seguida, procedeu à desmontagem dos elementos articulados e à remoção das ripas e da base.

Uma vez que as ripas e a base se encontravam num estado de degradação estrutural muito acentuado, optou-se pela sua substituição por novos elementos em madeira de castanho tratada e imunizada. As tachas muito oxidadas e enfraquecidas foram substituídas por novas do mesmo tipo (fabrico manual).

Os dedos inexistentes foram reconstituídos com madeira de castanho tratada e imunizada.

Todos os pregos oxidados existentes no topo da cabeça e no tronco foram removidos mecanicamente. Os parafusos dos braços foram limpos mecanicamente e em banho fraco de ácido fosfórico, seguido de neutralização em água destilada, e finalmente foram protegidos com um anti-oxidante comercial (Cinifer®).

Os furos de grande dimensão existentes no suporte lenhoso, foram preenchidas com massas epóxidas (Araldite SV 427 e Endurecedor HV 427), enquanto os de pequena dimensão foram colmatados com massas acrílicas (Modostuc®).

Após testes de solvência segundo as tabelas internacionais de conservação e restauro, determinou-se que era possível a remoção da camada de verniz oxidado com uma mistura de acetato de etilo e metiletilcetona (50:50). Esta operação foi sempre seguida de neutralização com hidrocarboneto fraco (White Spirit).

Executou-se em seguida a reintegração volumétrica de lacunas na camada pictórica com massas de gelatina animal e cargas neutras (pó de carbonato de cálcio), fazendo-se o nivelamento com abrasivos finos (folhas abrasivas nº 600 e 1000), sem interferência nas áreas adjacentes.

A superfície da madeira da reconstituição dos dedos foi preparada com massas à base de adesivo animal e cargas neutras (pó de carbonato de cálcio), seguido de nivelamento com lixas finas.

Uma vez removidos os vernizes e colmatadas as lacunas, aplicou-se em toda a extensão uma fina pelicula de resinas acrílicas (Paraloid B72®, em solução de 5%, 50:50 tolueno e acetona).

Os preenchimentos volumétricos executados anteriormente, foram reintegrados cromaticamente com tintas acrílicas (guaches acrílicos da Winson e Newton) e pigmentos inorgânicos e médium acrílico.

Finalmente, toda a superfície foi protegida com vernizes acrílicos comerciais (1:1 verniz brilhante e mate, Tallens®).

 

 

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