Texto de Dr. António P. Dinis
Nos meados do séc. XIII, d. Afonso III coutou Abadim, nas cercanias da serra da Cabreira, sendo seu primeiro donatário D. Rodrigo Viegas “Abadim”. O solar medieval dos Badim ocuparia, provavelmente, o lugar onde hoje se ergue a casa da Torre, também denominada casa do Tronco, construção quinhentista, talvez contemporânea do foral concedido pelo rei D. Manuel I a Abadim. Neste histórico edifício destaca-se a torre armoriada, de planta quadrangular, rematada por ameias e gárgulas zoomórficas nos cunhais. O possante corpo, com dois pisos, possui seteira e portas em arco quebrado, ainda relacionando a construção com modelos do gótico. O interior, simples, possui conversadeiras nas janelas, um nicho moldurado em arco abatido e um fogão de sala para aquecimento do amplo espaço.
A casa da torre de Abadim é um valor patrimonial de referência não apenas pela sua arquitetura, mas também pela história e fantasia que a envolvem. Aqui terá funcionado a casa da justiça e cadeia do couto de Abadim e nela se terão acoitado os assassinos de Inês de Castro, na fuga para Castela. Deste episódio resultou a lenda do aparecimento do fantasma dos algozes, cerca da meia-noite, vagueando pela varanda da torre, transportando a cabeça da desafortunada senhora.
Prova da importância de Abadim noutras eras é a existência na freguesia de um conjunto de casas de reconhecido valor patrimonial de que nos permitimos destacar a Casa da Ramada com o seu portal armoriado. A estrutura inicial da casa, que possui espigueiro, eira e alpendre, poderá datar do século XVII (sendo 1678 a data que consta numa padieira), mas deverá ter recebido obras de beneficiação na primeira metade do século XIX (constando o ano de 1828 na padieira de uma das portas).
Referência bibliográfica
António P. Dinis – Cabeceiras de Basto: História e Património. Cabeceiras de Basto: Câmara Municipal, 2013. p. 208-209.