A Feira e Festa de S. Miguel em Cabeceiras de Basto

De provável fundação medieval a feira e festa de S. Miguel em Cabeceiras de Basto, tornou-se ao longo dos tempos, uma das romarias mais afamadas do Norte do País, trazendo, anualmente, uma grande afluência de visitantes ao concelho.

O S. Miguel definia, no calendário, o fim do ciclo anual das grandes festividades deste concelho e anunciava a aproximação do rigoroso inverno com dias menos produtivos. A feira convertia-se assim, num importante evento socioeconómico, não só para a população das Terras de Basto, mas, igualmente, para as vizinhas gentes de Barroso. Muito conhecida pelas transações dos produtos agrícolas da região e pelo típico artesanato que então a caraterizava, nomeadamente, as mantas de Barroso, as capas de burel, as meias de lã, a tamancaria, a latoaria, a cutelaria, a cestaria, a olaria, os alambiques e muitos outros artigos necessários ao dia a dia das pessoas.

A festividade decorre tradicionalmente durante onze dias, de 20 a 30 de setembro, abrangendo um vasto e diversificado programa lúdico e cultural, destacando-se a feira de gado bovino e cavalar, as chegas de bois da raça barrosã, o cortejo etnográfico, a desfolhada e a Agro-Basto. Os animados arraiais dão um toque especial à festa, com as rondas de concertinas, os ranchos folclóricos, os grupos/bandas musicais e os bailes, tudo coroado pela esplendorosa sessão de fogo de artifício.

O 29 de setembro é consagrado ao Arcanjo S. Miguel, dia da solenidade religiosa, de que se destaca a missa solene (noutros tempos missa campal) e a majestosa procissão. É também o Dia do Município que os cabeceirenses orgulhosamente festejam de alguns anos a esta parte.

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“Romaria de Nossa Senhora dos Remédios do Arco de Baúlhe” é a nova exposição temporária

Os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal de Cabeceiras de Basto, Francisco Alves e Joaquim Barreto, respetivamente, inauguraram sexta-feira, dia 1 de setembro, a exposição dedicada à ‘Romaria de Nossa Senhora dos Remédios do Arco de Baúlhe’ no Núcleo Ferroviário do Museu das Terras de Basto. A exposição estará aberta ao público até maio de 2025.

Marcaram igualmente presença nesta iniciativa vereadores, o presidente da Junta de Freguesia do Arco de Baúlhe e Vila Nune, o pároco da freguesia, a coordenadora da exposição, Isabel Fernandes, ela que é a diretora do Paço de Duques de Bragança, Museu Alberto Sampaio e Castelo de Guimarães, representantes do movimento associativo local, entre outros convidados e público em geral.

Esta exposição retrata a evolução da romaria, desde os primórdios, à construção da nova capela, passando pela constituição da Irmandade até à festa na atualidade, sem esquecer a vigorosa devoção em torno do culto a Nossa Senhora.

A exposição é constituída por cinco painéis com textos e fotografias e algumas peças que aludem à Festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios no Arco de Baúlhe, uma tradição com mais de 300 anos no concelho de Cabeceiras de Basto.

O primeiro painel contextualiza o local e a festa: o Arco de Baúlhe, a capela de Nossa Senhora dos Remédios, a Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios e a Festa de Nossa Senhora dos Remédios; o segundo painel diz respeito à tradição da Erguida do pau da Bandeira, ou melhor, ao Fim de Semana da Erguida do Pau, que acontece sempre no primeiro fim de semana de agosto, e que atualmente se desdobra em várias iniciativas: a Noite do Pau, o Benzer do Pão, a Erguida do Pau da Bandeira, o Leilão das Oferendas e o Merendeiro; o terceiro painel que é dedicado à descrição da imagem de Nossa Senhora dos Remédios; o quarto painel carateriza a Festa de Nossa Senhora dos Remédios na atualidade: a Novena, a procissão de velas, a Procissão do Triunfo, o Arraial e as Oferendas; e o quinto e último painel que dá a conhecer a Lenda das Sete Senhoras e descreve o Encontro das Sete Senhoras realizado no dia 15 de agosto de 2022, no Arco de Baúlhe.

No final da inauguração e visita à exposição, o Rancho Folclórico de S. Martinho de Arco de Baúlhe atuou para os presentes.

Não perca tempo, visite-nos!

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Exposição temporária “Romaria de Nossa Senhora dos Remédios do Arco de Baúlhe”

No próximo dia 1 de setembro (sexta-feira), às 17h00, é inaugurada no Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe do Museu das Terras de Basto, a exposição temporária intitulada “Romaria de Nossa Senhora dos Remédios do Arco de Baúlhe”.

A exposição aborda uma tradição com mais de trezentos anos e que desde 26 de abril de 2023 está inscrita no Inventário Nacional do Património Imaterial.

Fica aqui o convite. Visite-nos!

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DEIXAR O “MAFARRICO” NO SÃO BARTOLOMEU DE CAVEZ

Texto de Pedro Gonçalves

Uma das curiosas tradições populares desta região de Basto diz respeito aos grupos de romeiros que, partindo de terras vizinhas, seguiam em direção a Cavez, onde contariam deixar, sob a proteção de S. Bartolomeu, o “mafarrico” (demónio ou pessoa endiabrada) que os apoquentara durante o ano. Era aí, nessa ancestral festividade realizada na embelezada capela de S. Bartolomeu (localizada na margem direita do rio Tâmega, junto da Ponte de Cavez, o único Monumento Nacional concelhio), com quem o diabo tinha de se haver todos os anos, no dia 24 de agosto.

A chegada dos romeiros iniciava-se a partir do dia 22, destacando-se, entre eles, os “espíritos maus” e as “endemoninhadas”, que entravam imediatamente em cena, como atesta uma curiosa descrição de 1936, referindo que “…as endemoninhadas, aos empurrões da família e dos benzedeiros, soltavam berros e descompunham-se em tregeitos logo que avistavam a capela, e lá iam espojar-se no chão, aos rebolões, até não poderem mais. Chegavam então as mulheres de virtude, e depois de vários passes e esconjuras, o espírito mau vencido.” (1). Esta não era a única usança curiosa, pois “…tem o povo daqui a firme crença de que a água da fonte (na margem esquerda do rio Tâmega brota um considerável manancial de águas medicinais, altamente sulfurosas) bebida (em jejum), na manhã do dia 24 antes do nascer do sol, livra de todas as moléstias presentes e preserva das futuras, pelo que logo de madrugada começa a afluir gente de todos os cantos do arraial, a encher garrafas, potes, cântaros e todas as vasilhas que podem haver…” (2), para ter reserva em casa e para oferecer aos amigos.

Era igualmente costume levarem as crianças doentes para aí se banharem antes do nascer do sol, sendo do ritual, para que a imersão desse resultado (o denominado “banho santo”), lançar a camisa que traziam vestida pelo rio abaixo, havendo o cuidado, porém, de se ter prevenido alguma pessoa conhecida para a ir apanhar em qualquer ponto do rio, um pouco mais abaixo….

Que as excelsas virtudes milagrosas do S. Bartolomeu (da Ponte de Cavez) tiveram considerável audiência entre as populações da vasta área das terras de Basto e regiões vizinhas, não nos resta a menor dúvida. A título de exemplo, atente-se nesta curiosa prece, de tradição oral – “Oração a São Bartolomeu da Ponte de Cavês” – recolhida por Francisco Canavarro Valadares (em agosto de 1927, em Ribeira de Pena) e registada pelo filho António Canavarro Valadares (2):

“São Bartholomeu!

Comvosco me quero eu!

Sois o meirinho das Almas,

Que prendeis e soltaes…

Prendei os meus inimigos,

Pra que me não persigam mais…

São Bartholomeu me disse:

Que me deitasse e dormisse

Que não tivesse medo a homem,

Nem a medonho.

Nem a unha esturrinhada!

Que me deitasse e dormisse

Muito bem descansada!”

Destas tradições remotas, já são poucas as que persistem perante o inexorável curso do tempo e do progresso, sendo apenas usual, na atualidade, beber a água da “fonte santa” e levar uma pancada do santo, na capela, para libertar o endiabrado “mafarrico”!

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  1. in “Portugal Económico Monumental e Artístico”, Fascículo XVII da Editorial Lusitana, 1936.
  2. in “Camilo e a Ponte de Cavês” de António Canavarro Valadares, “Boletim de Trabalhos Históricos” do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Guimarães, 1979.

Bibliografia

Pedro Gonçalves, O Jornal de Cabeceiras, 15.09.2022, p.7.

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Memórias da Linha do Vale do Tâmega

Ramal da Linha do Douro, cujo projeto inicial (ano de 1900) estava pensado para ser efetuado entre a Livração e Cavez, pela margem direita do Tâmega, devendo ligar-se, depois, com a Linha do Vale do Corgo, seguindo até Chaves.

A inauguração do primeiro lanço – Livração/Amarante – aconteceu em março de 1909.

O projeto inicial (Livração e Cavez) não se concretizou, ficando o terminus da linha no Arco de Baúlhe. Hoje, a antiga Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe é um núcleo museológico, conservando e preservando para os vindouros, a memória desta linha, um importante marco na história das gentes de Basto.

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Curiosidades da NOSSA terra

Sabia que Carrazedo de Bucos, aldeia que pertence ao concelho de Cabeceiras de Basto foi finalista no concurso “A aldeia mais portuguesa de Portugal“…

Este concurso foi organizado no tempo do Estado Novo, em 1938, pelo SPN (Secretariado de Propaganda Nacional) e estava enquadrado numa política que tinha por finalidade a valorização das tradições etnográficas portuguesas. Na época, as novas influências e ideias que chegavam de ‘fora’, alheias aos nossos costumes e tradições, eram consideradas como nocivas, e por isso, entre as aldeia que foram selecionadas para o concurso, aquela que tivesse subsistido ‘intacta’, no mais elevado estado de conservação e no mais alto grau de pureza e graça, ganhava o 1.º prémio deste concurso – o “Galo de Prata”.

O Júri era constituído por António Ferro e esposa Fernanda de Castro Ferro, Matos Sequeira, Luís Chaves, Cardoso Marta, Augusto Pinto e Armando Leça.

Nos primeiros três lugares ficaram as localidades de Paul, Carrazedo de Bucos e Monsanto, tendo sido mais tarde escolhida para primeiro lugar Monsanto.

Muito embora esta iniciativa tenha ficado pela 1.ª edição, não deixou de ser algo que ficou na história dos jornais e na referência da nossa aldeia de Carrazedo de Bucos, como uma das Aldeias mais portuguesas de Portugal.

Deixamos aqui o registo do Diário do Minho, de 23.09.1938, com a descrição da visita do júri deste concurso ao lugar de Carrazedo de Bucos, onde salientamos, a titulo de curiosidade, a “exposição de colchas e tapetes, rocas de fiar, colheres, teares e fabrico de manteiga – uma das indústrias caseiras da freguesia”, bem como, a atuação das Capuchas, com a exibição das suas interessantes e caraterísticas danças, o “Malhão”, o “Regadinho”, o “Vira Galego”, acompanhadas por uma tocata.

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Apresentação da monografia “Gondiães e Samão: A Festa das Papas de S. Sebastião

A monografia “Gondiães e Samão: A Festa das Papas de S. Sebastião“, da autoria da Professora Doutora  Teresa Soeiro, e em boa hora publicada pela Câmara Municipal de Bastos. Museu das Terras de Basto, foi apresentada ao público, pelo Senhor Luís Filipe Silva, no dia 1 de junho, às 19h00, na Casa do Tempo.

Inserida na edição de 2023 da Feira do Livro, esta apresentação sucede à exposição temporária «A Festa das Papas de S. Sebastião em Gondiães e Samão», que esteve patente ao público, no Núcleo Ferroviário do Arco de Baúlhe do Museu das Terras de Basto, entre janeiro de 2022 a maio de 2023.

Neste livro, a Professora Doutora Teresa Soeiro, investigadora do CITCEM, fala-nos em linhas gerais sobre a História de Gondiães e Samão (União de freguesias de Gondiães e Vilar de Cunhas, de Cabeceiras de Basto), debruçando-se mais em pormenor, nos últimos capítulos do livro, sobre a Festa das Papas de S. Sebastião, realizada alternadamente nestes dois lugares. A Festa das Papas é património imaterial comum a estes confins do Entre-Douro-e-Minho e às contíguas terras do Barroso.

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Apresentação da monografia “Gondiães e Samão: A Festa das Papas de S. Sebastião”

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O Dia Internacional dos Museus no Museu das Terras de Basto

No Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, o Museu das Terras de Basto dinamizou duas ações, uma no Núcleo Ferroviário do Arco de Baúlhe e outra na Casa da Lã.

A automotora ME5, considerada a “A velha glória da ME5”, percorreu um curto trajeto da linha da antiga estação ferroviária do Arco de Baúlhe, levando nesta ‘viagem’ crianças do Agrupamento de Escolas. Construída em 1948 nas Oficinas Gerais de Santa Apolónia, a automotora ME5, movida a gasolina, proporcionou a todos os presentes uma experiência única que encantou todos os presentes.

A Casa da Lã promoveu o workshop ‘Do fio ao plano feltrado’, uma interessante iniciativa que juntou grupos etários distintos, designadamente alunos do Externato de S. Miguel de Refojos, mulheres do curso de costura, do ensino profissional, as Mulheres de Bucos, bem como as artistas Helena Cardoso, Mónica Faria e Patrícia Oliveira.

Ao longo do dia foram realizadas experiências técnicas na área do têxtil, desde a feltragem molhada com sabão, à tecelagem com diferentes tipos de teares (tear de pregos, tear de alto liço, tear de pente liço), passando pela iniciação à elaboração de franjas de arraiolos.

A celebração do Dia Internacional dos Museus em Cabeceiras de Basto teve como principal objetivo promover o papel e a importância dos museus na sociedade.

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Museu das Terras de Basto celebra Dia Internacional dos Museus

No âmbito do Dia Internacional dos Museus, que se assinala anualmente no dia 18 de maio, o Museu das Terras de Basto vai dinamizar iniciativas no Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe e na Casa da Lã.

No Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe, entre as 10h30 e as 12h00, a automotora ME5 “Velha glória do Museu” volta a sair à linha, numa curta viagem pelos trilhos deste lindo espaço museológico, já na Casa da Lã, vai ser realizado um workshop de design -“Do fio ao plano feltrado”, entre as 09h30 e as 12h00 e das 17h30 às 17h00.

Fica aqui o convite, visite-nos!

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